Conceição ficou sozinha ao voltar de Lajes. |
Situacionistas
que saíram às ruas nas noites do domingo e da segunda-feira para comemorar a
vitória de sua candidata, a terapeuta ocupacional Conceição de Maria Gomes
Lisboa da Rocha, pelo Dem, começaram a dar sinais de intranqüilidade pelo fato
de o cartório da 17ª zona eleitoral, sediada em Lajes, não emitir nenhuma
informação quanto à diplomação imediata da jovem, à qual gostariam de já ter
empossado. No meio da semana, a propósito, correu em Caiçara do Rio do Vento a
informação de que a diplomação seria realizada naquele dia.
Na
outra ponta da corda, políticos e eleitores que votaram no comerciante Arnaldo
Acioli viram passar a semana sem que recebessem uma notícia sobre
desdobramentos dos fatos que, a seu ver, já deveriam ter provocado a anulação
do pleito e a convocação de nova votação para prefeito.
Referem-se
à compra de votos em si e a outras formas de utilização indébita do poder
econômico pela coligação que patrocinou a candidatura de Conceição Rocha,
citando casos concretos que, a seu ver, a justiça eleitoral não pode deixar de
condenar com a anulação da votação fora de época.
Destacam
a compra de votos pelos doublés de agiotas e políticos Paulo Bernardo de
Andrade Júnior, o “Júnior Bernardo”, e Felipe Eloi Muller, ex-prefeitos,
respectivamente, de Riachuelo e de Caiçara, que teriam contado com proteção
policial para comercializarem sufrágios a céu aberto.
Citam
também a prisão do vereador Sebastião Hiran da Costa (PSDB), o “Tião Galinha,
que chegou a ser algemado e trancafiado no posto policial de Caiçara do Rio do
Vento, para hora e meia depois voltar à liberdade numa operação longe dos olhos
da justiça eleitoral.
Os
“bacuraus”, como são apontados os vinculados ao PMDB, narram também o flagrante
de compra de voto protagonizado pelo jovem comerciante Etevaldo Lisboa Júnior,
irmão de Conceição, que, ao fugir para não ser preso em Caiçara, terminou se
entregando ao posto da Polícia Rodoviária Federal em Lajes, de onde também foi
inexplicavelmente liberado.
Por
último, citam o cumprimento de mandado de busca e apreensão de provas que
incriminariam a coligação encabeçada pelo Dem, a qual garimpou comprovantes de
compra de votos na residência e em automóveis pertencentes à família de Conceição
e do fornecimento ilegal de combustível pelo pai da jovem, agropecuarista e
ex-prefeito Etevaldo Lisboa.
A coleta de provas chegou também a um posto de combustíveis, onde a fiscalização eleitoral garimpou autorizações para o abastecimento de automóveis conduzidos por pessoas comprometidas com a candidatura de Conceição, todas assinadas pelo pai da jovem. A justiça e o ministério público eleitorais também terminaram o dia ouvindo gravações de conversas em que os nomes de familiares de Conceição Rocha eram comprometidos com as doações de combustíveis no posto.
Por conta dessas provas, Conceição
chegou a ter de abandonar a primeira festa de comemoração por sua vitória, na
noite do domingo, porque a polícia federal a levou para Lajes, onde participou
da instalação de processo investigatório pela juíza Gabriela Edvanda Marques.
Quando a candidata retornou a Caiçara do Rio do Vento e à festa, os expoentes de sua campanha já sabiam que algo de muito grave havia dado errado. Por isso, saíram de Caiçara do Rio do Vento muito antes da hora almejada, levando consigo a certeza de que o inquérito tende a forçar o município a uma nova eleição fora de época.
Postado às 17h13m de sábado 130413.
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